Como parte de uma proposta de melhoria do
ensino fundamental e médio desenvolvida pela
Universidade Federal de Goiás, foram selecionados vários contos para
serem trabalhados em escolas do município de Catalão. Os textos foram
escolhidos em função dos temas e de sua forma narrativa. Eles deveriam ser
capazes de prender o leitor do começo ao fim, envolvendo-o na trama dos seus
personagens. No início, foram analisados contos relativamente curtos, para
atrair os estudantes que não tivessem o costume da leitura, já que esse é um
hábito cada vez mais distante da maioria dos alunos.
Um dos contos utilizados foi “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto (1881-1922). O personagem Castelo narra sua trajetória ao amigo Castro entre um copo e outro de cerveja numa confeitaria. Recém-chegado ao Rio de Janeiro, sem dinheiro, ele se depara com um anúncio de jornal procurando um professor de javanês. Apesar de não saber uma palavra desse idioma, vê ali a solução dos seus problemas. Na Biblioteca Nacional, aprende alguns rudimentos de javanês para se candidatar ao posto. Castelo é contratado por um senhor, que por sua idade avançada não consegue aprender a língua. Sorte do farsante, que sabia pouco mais do que o alfabeto. Alvo de admiração por ser conhecedor de um idioma tão raro, ele acaba ficando famoso. É convidado para se tornar funcionário do Itamaraty, sendo designado para representar o Brasil numa conferência de linguística. A partir daí, sua carreira decola e ele chega ao cargo de cônsul em Havana.
Entre os aspectos da sociedade brasileira do início do século XX, o escritor trata da situação do negro na sociedade pós-abolição, já que Castelo, nosso professor de javanês, era um mulato. Prova disso é o fato de se passar por um mestiço filho de javanês. O preconceito fica claro na afirmação de um ministro, de que Castelo não servia para a diplomacia, pois o seu “físico não se presta”. Preconceito e “branqueamento” estavam na ordem do dia: se o físico não prestava e criava limitações, o fato de saber javanês neutralizava parcialmente esta restrição.
Um segundo tema que mereceu tratamento mais demorado em sala de aula foi a centralidade do Rio de Janeiro como capital e como centro urbano mais importante do país. Castelo não nasceu na cidade, mas foi atraído para ela.
As dificuldades do personagem em busca de uma garantia mínima de sobrevivência também foram mencionadas: “Estava literalmente na miséria. Vivia fugido de casa de pensão”, escreve Lima Barreto. Uma imagem típica de quem não tem salário nem moradia fixa. O autor descreve ainda os vários tipos de nacionalidades que o Brasil abarca. “Tu sabes bem que, entre nós, há de tudo: índios, malaios, taitianos, malgaches, guanches, até godos. É uma comparsaria de raças e tipos de fazer inveja ao mundo inteiro”.
Um dos contos utilizados foi “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto (1881-1922). O personagem Castelo narra sua trajetória ao amigo Castro entre um copo e outro de cerveja numa confeitaria. Recém-chegado ao Rio de Janeiro, sem dinheiro, ele se depara com um anúncio de jornal procurando um professor de javanês. Apesar de não saber uma palavra desse idioma, vê ali a solução dos seus problemas. Na Biblioteca Nacional, aprende alguns rudimentos de javanês para se candidatar ao posto. Castelo é contratado por um senhor, que por sua idade avançada não consegue aprender a língua. Sorte do farsante, que sabia pouco mais do que o alfabeto. Alvo de admiração por ser conhecedor de um idioma tão raro, ele acaba ficando famoso. É convidado para se tornar funcionário do Itamaraty, sendo designado para representar o Brasil numa conferência de linguística. A partir daí, sua carreira decola e ele chega ao cargo de cônsul em Havana.
Entre os aspectos da sociedade brasileira do início do século XX, o escritor trata da situação do negro na sociedade pós-abolição, já que Castelo, nosso professor de javanês, era um mulato. Prova disso é o fato de se passar por um mestiço filho de javanês. O preconceito fica claro na afirmação de um ministro, de que Castelo não servia para a diplomacia, pois o seu “físico não se presta”. Preconceito e “branqueamento” estavam na ordem do dia: se o físico não prestava e criava limitações, o fato de saber javanês neutralizava parcialmente esta restrição.
Um segundo tema que mereceu tratamento mais demorado em sala de aula foi a centralidade do Rio de Janeiro como capital e como centro urbano mais importante do país. Castelo não nasceu na cidade, mas foi atraído para ela.
As dificuldades do personagem em busca de uma garantia mínima de sobrevivência também foram mencionadas: “Estava literalmente na miséria. Vivia fugido de casa de pensão”, escreve Lima Barreto. Uma imagem típica de quem não tem salário nem moradia fixa. O autor descreve ainda os vários tipos de nacionalidades que o Brasil abarca. “Tu sabes bem que, entre nós, há de tudo: índios, malaios, taitianos, malgaches, guanches, até godos. É uma comparsaria de raças e tipos de fazer inveja ao mundo inteiro”.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/para-ler-a-aprender
Conto homônimo do escritor Lima Barreto
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