A partir da leitura de um livro, um aluno de 6 anos, questionou o comportamento do personagem dizendo:
-Este não vai para o céu!
Então, resolvi fazer um levantamento sobre as hipóteses dos alunos, daquilo que cada um pensava existir depois do céu. Desta forma, pude conhecer suas representações mentais e informações que tinham.
Enquanto as crianças falavam, eu registrava num cartaz as informações de cada uma, nomeando o autor destas. Ao mesmo tempo que as crianças trocavam informações sobre tudo que conheciam sobre o céu, deixava claro para o grupo quem era o autor da produção através do registro.
Em momentos de discursividade como estes, as crianças assumem o papel de quem tem o que dizer, para quem dizer e por que dizer, percebem que tanto a linguagem oral como a linguagem escrita constituem meios que propiciam este dizer.
De acordo com Vygotsky (1989), é necessário que a criança dialogue com os conceitos, articulando-os às vozes, saberes e experiências de seu grupo social e de outros. Nessas relações ela começa a elaborar o significado da palavra, a experimentá-la em seus enunciados à luz de outras palavras e de outros enunciados.
A leitura deste registro escrito oportunizou a análise das formas das letras, da direção da escrita (de cima para baixo, da esquerda para a direita), das letras iniciais, do número de letras, enfim, estudou-se a materialidade do sistema de escrita alfabética.
Após a coleta de informações, e tendo como ponto de partida as indagações feitas pelas crianças , planejei as próximas aulas, propondo situações que de modo específico problematizavam seus conhecimentos, levando à apropriação de conhecimentos científicos vinculados às diferentes áreas disciplinares, da linguagem e elementos culturais como os valores éticos.
Obs.: Utilizei um datashow para fazer uma apresentação do universo e dos instrumentos utilizados pelos cientistas, para observação e exploração ao longo da história.
Comentários dos alunos durante a pesquisa:
- Onde está Deus e o diabo?
- Depois das nuvens é que fica as estrelas, a lua, o sol.
-Os planetas, cometas.
-Deus deve estar num desses planetas, não dá para ver.
- Minha mãe disse que o Deus é invisível.
-No universo tem poeira colorida.
-A chuva acontece dentro do planeta Terra.
A concepção religiosa, sobre a constituição do universo, é a raíz privilegiada na comunidade, no entanto, não foi um empecilho à apresentação de outra teoria a respeito de sua formação. As famílias participaram e colaboraram, ajudando nas pesquisas.
Quanto a pergunta, "Onde está Deus?", respondi:
-Nenhum instrumento criado pelo homem, para ver à longas distâncias, conseguiu vê-lo até hoje, pois o universo é muito grande.
Foi quando outra criança respondeu:
-Deve estar escondido.
Então, as crianças começaram discutir os prováveis esconderijos...
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