A diversidade é muito mais do que o conjunto das diferenças. Trata-se da diversidade biológica, e também de diversidade fruto da construção histórica, social e cultural das diferenças a qual está ligada às relações de poder e não às relações democráticas. Portanto, ao falarmos sobre a diversidade, não podemos desconsiderar a construção das identidades, num contexto das desigualdades .
Como perceber o processo de construção das diferenças e das desigualdades na dinâmica de sala de aula?
Primeiro, devemos compreender que estas construções não são naturais; são, ao contrário, invenções e construções históricas criadas por homens e mulheres, sendo, portanto, passíveis de serem desestabilizadas e mesmo transformadas. Ou seja, o existente nem pode ser aceito sem questionamento, nem é imutável, constitui-se sim, em estímulo para resistências, para críticas e para a formulação e a promoção de novas situações pedagógicas e novas relações sociais, baseadas muito mais na democracia que no autoritarismo.
Para tanto, devemos optar por uma nova postura frente à pluralidade, suas manifestações culturais, sua diversidade e implicações dentro da escola, devemos desconstruir e desnaturalizar estereótipos e mitos que impregnam e configuram a cultura em geral.
Conscientes desta dinâmica na escola, estamos sempre atentos às formas e maneiras das crianças relacionarem-se durante as brincadeiras e jogos, a fim de, ouvir aquilo que elas têm a dizer ou mostrar a respeito de suas vidas e então, de forma ética, elaborar estratégias e mediações que proporcione momentos de reflexão sobre a importância do eu e do outro, com a finalidade de construir relações que se pautem no respeito, na igualdade social, na igualdade de oportunidades e no exercício de uma prática e postura democrática.
Em nossa sala de aula, uma das estratégias adotadas vem do momento de leitura e a partir das leituras de clássicos infantis, reescrevemos outros conhecimentos e saberes, com base no emprego de pontos de vista distintos dos usuais.
Por exemplo, João e Maria surpreendeu os alunos, quando um agente do conselho tutelar foi resgatar as crianças na casa da bruxa. Desde então, estabeleceram uma relação entre as notícias dos jornais com a realidade do bairro e talvez, da própria família; ampliaram de maneira significativa, suas informações sobre os próprios direitos .
O desfecho do passeio de Chapeuzinho Vermelho à casa da avó também foi outro, culminou na rua. Falamos sobre o código de trânsito, atenção, andar sempre acompanhado e se não for possível, quais os cuidados a serem tomados e assim por diante.
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