terça-feira, 20 de agosto de 2013

MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO, RE-CONHECER PARA ANALISAR.

              A autora apresenta neste livro um referencial teórico dos métodos e os passos didáticos dos Métodos sintéticos  e Métodos Globais ou Analíticos , da mesma forma  as  consequências da utilização de uns e de outros no processo de ensino e aprendizagem.

             Ela destaca também, a importância  de trabalharmos  com textos na fase inicial da alfabetização e defende  que, “para aprender a ler é  preciso conhecer as letras e as sílabas, mas é fundamental buscar o sentido...”.  Nesse sentido, embasada pelas teorias de Magda Soares apresenta também, o conceito e o caráter da alfabetização e do letramento.
             Fiz um brevíssimo resumo dos métodos descritos pela autora, no entanto, é necessário fazermos uma leitura mais profunda sobre cada um deles, a fim de reinventarmos novas práticas pedagógicas que deem conta da diversidade de formas de aprender, dentro da sala de aula. 




Síntese  dos métodos de alfabetização


1-MÉTODO SINTÉTICO DA SOLETRAÇÃO: Juntando  as letras para ensinar a combinatória de letras e sons de palavras soltas.

O que observei ao me deparar com crianças (3º e 4º ano) que não conseguiram se alfabetizar com esse método,  foi que elas conheciam as letras e  na hora da leitura soletravam, mas  não conseguiam formar as sílabas. Percebi que para elas, ler era soletrar as palavras, soletrar era ler!






























Outras práticas: 
-Na hora da leitura, não soletre...leia o texto ou a palavra; 
-Nomear a  letra inicial e final da palavra, número de letras e sílabas.
-Quer explorar os nomes das letras? Brinque de bingo. Escreva as palavras exploradas nos textos ou  nomes dos alunos em tiras de papel, depois sorteie as letras dizendo o nome de cada uma delas;
-Com letras móveis você pode pedir que ordenem as letras de acordo com o alfabeto, para leitura;
-Trilha do alfabeto: a cada jogada a criança diz uma palavra que inicia com a letra nomeada;
-Leia o alfabeto, pode não parecer, mas elas gostam muito.
Desta forma a criança não associará os momentos de leitura com soletração.






2- MÉTODO SINTÉTICO DA SILABAÇÃO:   ênfase excessiva nos mecanismos de codificação e decodificação, apelo excessivo à memória e não à compreensão .
Primeiro você mostra as vogais e os ditongos, depois ensina a família silábica. Em seguida, forma-se palavras com três letras, como  por exemplo, vai, viu, vou. Depois forma-se as frases "vo-vó viu a a-ve". As sílabas e palavras complexas ficam para depois. 

3-MÉTODOS FÔNICOS: São vários métodos muito bons, mas há um que primeiro ensina-se ao aluno a produzir os sons representados pelas letras. Não é apenas dar o nome da letra, mas ensinar o SOM da letra!!Para ficar claro o que é som da letra, deem uma olhada neste vídeo http://www.youtube.com/watch?v=j49uCPpp7MU#t=69.  Esse vídeo é simplesmente ridículo. 
Agora assistam  a esse vídeo, é um jogador de futebol dizendo como os baianos leem o alfabeto na Bahia. Pesquisei apenas um vídeo para mostrar que ensinar o "som" da letra no Brasil  pode ser uma péssima ideia http://www.youtube.com/watch?v=W-475rfp_Gg  . Outra coisa que a autora nos mostra é  que uma letra pode representar diferentes sons conforme a posição que ocupa na palavra.

             Mas como eu disse, há outros muito bons! Inclusive há métodos fônicos que adiam o ensino dos nomes das letras até que o aprendiz tenha dominado as relações letras-fonemas (relações grafofônicas). Os métodos fônicos muito difundidos no Brasil foram, "Método da Abelhinha"; " A casinha feliz".
         Acredito que o fato de a  criança saber as letras não atrapalha o processo citado, basta  o  professor  planejar e propor atividades para ensinar os nomes das letras, de preferência de forma lúdica e ao apresentar  as palavras ele deve ler, sem soletrar. Desta forma, a criança compreenderá a diferença entre soletrar e ler. Muitas vezes, as crianças iniciam a leitura soletrando, daí é só lembrar: não é soletrar, é ler. Se a atividade de leitura e jogo for permanente, as crianças compreenderão a diferença entre um e outro. 
        É bom não esquecer de explicar aos pais o  método utilizado no processo de alfabetização e letramento, percebi que muitos têm a tendência de soletrar as palavras durante a leitura. Numa reunião com os pais, aproveitei para explicar o método e  como deveria ser a prática de leitura em casa. 
         
PRÁTICA PARA QUE AS CRIANÇAS ADQUIRAM A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: 
Atividades de leitura (permanente) de textos memorizados (parlendas, travas-língua, cantigas de roda, versos) para observação da estrutura do texto, as frases, além de identificar as palavras e o número de sílabas e letras para formar esta palavra , reconhecer rimas e aliterações (sílabas que se repetem no início e final de uma série de palavras).
 De acordo com a autora, devemos alternar atividades de decodificação de sílabas com atividades de leitura de textos significativos ( como os que circulam socialmente), para que a criança desenvolva conhecimentos de sintaxe, de vocabulário, e alcance familiaridade com diversos tipos de textos, cada qual com regras de organização.
MINHA OPINIÃO: "Não devemos esquecer que a prática da leitura não exclui a prática de escrita. O que quero dizer é que, mesmo que a criança não saiba escrever convencionalmente, ela deve ser incentivada a escrever ( não copiar), seja com desenho, letras soltas, sílabas, desta forma o professor poderá avaliar a evolução da criança e planejar novas práticas e atividades para que avancem em outros conhecimentos. 
 Percebi nesses 9 anos, com turmas de 6 anos, que quando as crianças são  incentivadas a ler, a falar e a escrever (espontaneamente) se tornam mais confiantes." 







      











4- MÉTODOS GLOBAIS: trazidos a partir do movimento Escola Nova,  por volta de 1920 e 1930, (método de contos, método ideovisual de Decroly, método natural Freinet, método natural, método Paulo Freire, e o método a partir de palavras-chave "aquelas destacadas de uma frase ou texto. As palavras são destacadas e desmembradas em sílabas, as quais, recombinadas entre si formam novas palavras", reconheceu? 
         A Escola Nova , valorizava a leitura, as bibliotecas e o gosto pelos livros. A fundamentação teórica desses métodos é a psicologia Gestalt, que diz que a criança tem uma visão sincrética ou globalizada da realidade, ou seja, tende a perceber o todo, antes de captar as partes. Na prática, primeiro apresentamos o texto, depois as frases, palavras e sílabas.  
           Ao ler o livro, percebemos uma visão bem interessante a respeito de como a criança vê e aprende, além da valorização dos seus saberes. Bem diferente da  visão tradicional, onde as crianças, independente dos seus conhecimentos prévios, devem perceber as partes para depois perceber o todo: primeiro as  letras, depois as  sílabas, as palavras, as frases e por último, o texto.
            Enfim, para alfabetizar é necessário conhecer os métodos e recriá-los à luz dos novos tempos,  adequando-os aos conhecimentos de nossos alunos, pois todos trazem informações e saberes que podem ajudá-los no processo de aquisição da leitura e escrita. 
             Espero ter colaborado de alguma forma, pois a intenção é olhar para o futuro, sem nos perdermos no presente por estarmos  presos a um passado, que, nem ao menos, conhecemos direito. Segue abaixo a sabedoria de Paulo Freire e depois Artur da Távola:

" Ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com 
a sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem, de denunciar e de anunciar. Ai 
daqueles e daquelas que, em lugar de visitar, de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo 
profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, ai daqueles que em lugar desta 
viagem constante ao amanhã, se atrelem a um passado de exploração e de rotina."

 "(...)Se só uso (os valores) de ontem, não educo: condiciono. 
Se só uso os de hoje, não educo: complico. Se só uso os de amanhã, não educo; faço experiências 
às custas das crianças. Se uso os três, sofro, mas educo. Imperfeito, mas correto”




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