sábado, 16 de outubro de 2010

Lógica escolar versus infância.

Uma visita que não aconteceu...
No ano de 2009, a escola  planejava uma visita ao museu do MARCO. Mas ao definir sobre a participação da Educação Infantil, ficou definido que seria uma atividade inapropriada para  crianças de 6 anos.
Diante da  constatação sobre o que é adequado ou não para crianças, é pertinente que pensemos sobre o que permeia nossas escolhas sobre o que apresentar, trazer, disponibilizar às crianças. Porque  tudo para a infância deve ser infantil, se ela está em constante interação com o universo adulto?
Maria Isabel Leite (2007) questiona, se é  necessário separar a experiência cultural para a criança do resto da cultura e se  existe uma cultura específica para as crianças. Em outras palavras: existiria uma espécie exclusiva de cultura“apropriada” para meninas e meninos? 
-ACREDITO QUE NÃO!!!
Mas, este é outro assunto.
Continuando, se  limitarmos os instrumentos privilegiados de relação da criança com o mundo, estaremos caindo no equívoco de separar o mundo da criança do mundo do adulto. As crianças convivem e se apropriam das experiências convivendo numa sociedade formada por adultos e outras crianças, é claro que, a forma de apreender este universo é diferente do adulto, no entanto, isso  não as tornam incapazes de compreender e  atribuir significados, a tudo aquilo que lhes  rodeiam.
Enfim, como contribuir com os processos expressivos sem ampliar e diversificar os repertórios das crianças? Obviamente é necessário alargar as oportunidades de acesso à riqueza da produção humana, promovendo a aproximação aos diferentes códigos estéticos. Mas de que forma? Se a  escola atual vê, mas não enxerga que a criança participa e interage no mundo, sem observar os rótulos que dizem: "apropriado (ou não) para o público infantil".
Acredito  que a escola deve oferecer às crianças um universo artístico-cultural diversificado, pois desta forma, elas terão possibilidade de ampliar suas criações e conhecimentos sobre a história social e cultural da sociedade.

http://lounge.obviousmag.org/cafe_amargo/2013/05/debret-e-a-negacao-do-neoclassicismo-brasileiro.html 

http://www.portinari.org.br/

http://tarsiladoamaral.com.br/

http://www.museualeijadinho.com.br/

http://www.eravirtual.org/pt/

https://catracalivre.com.br/geral/dica-digital/indicacao/46-museus-virtuais-para-voce-visitar-de-graca/

...



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

POESIA E CRIANÇA


Imagem-de-um-piao

CONVITE
"Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.

Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.

Como a água do rio
que é água sempre nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?"


Carlos Drummond de Andrade (1976) dizia que as crianças são poetas, mas “a escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo”.
Mas nós reparamos e elegemos José Paulo Paes como poeta de adultos e crianças, pois, tanto pais, alunos e demais adultos participavam ativamente das atividades que envolviam apreciar, inventar e reinventar a poesia através das múltiplas linguagens como: a música, a pintura, a modelagem, a oralidade e a dramatização.
Desenho-de-detetive-olhando-numa-lupa
“Se você for detetive,
faça um bom trabalho:
me encontre o dentista
que arrancou o dente do alho
e a vassoura sabida
que deixou a louca varrida”

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

E FALANDO DA ESCOLA...



Conversando com minha filha de 6 anos (2010) sobre o projeto da escola ...: "As minhocas", ela disse:
-Mãe, não aguento mais copiar! Copiei uma folha inteira de coisa sobre a minhoca.
Fiquei pensando...qual é a lógica da cópia?
Não sou contra cópias, mas acredito que ela não deva ser usada tão regularmente em sala de aula, principalmente como estratégia de ensino para obter disciplina e controlar os alunos . Lançar mão desta atividade, só tornou  a coitada da minhoca a mais enfadonha das criaturas e fez com que o  as palavras, aos olhos de minha filha, ficassem  sem valor algum, tornando-a desinteressada pela leitura e pela escrita.
Não deveria ser a falta de interesse das crianças, o 'termômetro' do professor? 
Quando estamos com febre, utilizamos o termômetro para medir a temperatura do corpo a fim de  tomarmos  os devidos cuidados com a saúde. Acho que todo professor deveria ter um instrumento similar, já que muitos possuem dificuldade para entender  que o  desinteresse da criança possa ser  um sinal  de que o  processo educacional não anda bem. 
Observar com atenção esse sinal, pode nos ajudar a elaborar novas estratégias pedagógicas, a fim de tornar o processo educacional mais significativo para o  aluno. 
O poeta Manuel de Barros, de maneira poética,  nos diz  em seu poema, que devemos dar mais atenção ao que as crianças dizem e manisfestam nas mais variadas formas de linguagem...

Poeminha em Língua de brincar

Ele tinha no rosto um sonho de ave extraviada.
Falava em língua de ave e de criança.

Sentia mais prazer de brincar com as palavras
do que de pensar com elas.
Dispensava pensar.

Quando ia em progresso para árvore queria florear.
Gostava mais de fazer floreios com as palavras do que de fazer idéias com elas.

Aprendera no Circo, há idos, que a palavra tem
que chegar ao grau de brinquedo
para ser séria de rir.

Contou para a turma da roda que certa rã saltara
sobre uma frase dele
E que a frase sem arriou.

Decerto não arriou porque não tinha nenhuma
palavra podre nela.

Nisso que o menino contava a estória da rã na frase
Entrou uma Dona de nome Lógica da Razão.
A Dona usava bengala e salto alto.

De ouvir o conto da rã na frase a Dona falou:
Isso é língua de brincar e é idiotice de
criança
Pois frases são letras sonhadas, não têm peso,
nem consistência de corda para agüentar uma rã
em cima dela

Isso é Língua de raiz – continuou
É Língua de faz de conta
É Língua de brincar!

Mas o garoto que tinha no rosto um sonho de ave
Extraviada
Também tinha por sestro jogar pedrinhas no bom
senso.

E jogava pedrinhas:
Disse que ainda hoje vira a nossa tarde sentada
sobre uma lata ao modo que um bentevi sentado
na telha.

Logo entrou a dona Lógica da Razão e bosteou:
Mas lata não agüenta uma tarde em cima dela, e
ademais a lata não tem espaço para caber uma
Tarde nela!
Isso é Língua de brincar
É coisa-nada

O menino sentenciou:
Se o Nada desaparecer a poesia acaba.

E se internou na própria casca ao jeito que o
jabuti se interna.





sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MATEMÁTICA EM NOSSO COTIDIANO

Toda a  ação pedagógica deve basear-se na exploração, na descoberta, nas primeiras aproximações com as explicações científicas pautadas na manipulação, na observação, no uso de registros básicos de medidas, nas  comparações em situações de brincadeira  e em pesquisas de campo, construções com diferentes materiais, além do, controle do ritmo temporal e noção espacial.Desta forma, a linguagem matemática, fará sentido às crianças.
                                           Interpretação e leitura de gráfico de nomes dos alunos.


Organização do material reciclável: classificação, comparação de materiais, agrupamento por semelhança, observação, contagem.

Os alunos agruparam e compararam os materiais coletados. Depois fizeram estimativas.



















Receita: noções de medida

BRINCAR É APRENDER.

 “Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se
é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vêlos
sentados enfileirados, em salas sem ar, com
exercícios estéreis, sem valor para a formação do
homem”.
Carlos Drummond de Andrade



Para toda criança brincar é aprender  e aprender é brincar.
A brincadeira deixou de ser encarada como uma atividade inata da criança e passou a ser vista como, uma atividade humana e social, produzida  a partir de seus elementos culturais. O ato de brincar constitui-se em um momento de aprendizagem em que a criança tem a possibilidade de viver papéis, de elaborar conceitos e ao mesmo tempo exteriorizar o que pensa da realidade. Ou seja,  a criança brinca porque, primeiramente, esta é uma atividade constitutiva do ser humano, e porque ela tem necessidade de agir em relação não apenas aos objetos que estão ao seu alcance, mas em relação ao mundo mais amplo dos adultos (LEONTIEV, 2001, p.124).


     Entendemos que a  brincadeira de faz-de-conta ou jogo simbólico, proporciona momentos privilegiados de aprendizagem, onde a criança busca significados já experienciados no seu cotidiano, além  de constiuir uma das situações mais comuns em que as crianças trabalham com sua  subjetividade.   
Para vivenciar este processo, organizamos espaços onde  a criança trabalha com a imitação e a representação,  fazendo uso de diferentes meios de linguagens (sons, gestos, palavras, postura, desenhos, construções, dramatizações, etc), desenvolvendo sua autonomia e a estrutura de regras de convívio, dentre outros.
       As atividades de brincadeira  são organizadas e dirigidas, de forma a proporcionar aos alunos opções de escolha, os espaços são planejados com cerca de dois ou três temas, como: salão de beleza, casinha, escritório, até mesmo diferentes tipos de jogos.
      Durante todo processo da atividade, observamos o que as crianças brincam, como elas brincam, e  como estabelecem relação com o outro e com o objeto, e o  que apontam de mais significativo. Esta observação nos proporciona novos elementos para interagir e mediar durante todo processo de aprendizagem das crianças e  planejar  novos contextos . 




     " No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento "(VYGOTSKY, 1989a, p. 117).