"Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
Ninguém é igual a ninguém...". Humberto Gessinger
Mito da
caverna
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma
caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior.
No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder
mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são
projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma
fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de
modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam
que sejam as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas
sombras sejam a realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos,
vá se movendo e avance em direção ao muro e o escale, enfrentando com
dificuldade os obstáculos encontrados e saia da caverna. Então, ele descobre,
não apenas, que as sombras eram feitas por homens como eles, como também, todo
o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos
companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá,
segundo Platão, sérios riscos – desde simplesmente ser ignorado até, caso
consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomarão por louco e inventor de
mentiras. Foi o que aconteceu com
Sócrates, que foi morto por divulgar seus pensamentos aos cidadãos de Atenas. Tal fato inspirou Platão à escrita da Alegoria
da Caverna-A República (livro VII), ele nos convida a imaginar que as coisas que se passam na
existência humana, comparavelmente à situação dos homens na caverna, são
ilusórias e talvez, como eles, estejamos demasiadamente presos às crenças,
preconceitos, ideias enganosas e por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.